3.6.10

escola carrie bradshaw para meninas

   passeando distraidamente pelos canais da tv, com meus doze anos, acabo por despertar do tédio ao ver uma cena estranha: uma mulher com uma roupa cor de rosa andando toda confiante pela rua, e que acaba sendo molhada por um ônibus que passa por uma poça d'água - ônibus esse que tinha sua foto nele - tudo isso acompanhado de uma musiquinha instrumental divertida. interessante. o nome me assustou de início: sex and the city. oh meu deus, falariam de sexo. eu estava na idade de ficar com as bochechas rosadas e desviar o olhar da tv quando assistia uma cena mais caliente na novela, então imaginem meu drama. por outro lado, passaria num horário aceitável - umas 7h da noite, se não me engano - então não deveria ser nada de outro mudo. e que a verdade seja dita: eu já estava me roendo de curiosidade. encarando como um desafio, resolvi não trocar de canal e esperar pelo que viria.
   e o que veio, no final das contas, foi um vício. e quase uma re-educação. daquele dia em diante, eu me encantei com tudo que ali mostrava: mulheres bem sucedidas, inteligentes, divertidas, independentes e solteiras. o contrário de tudo aquilo que nos ensinam como o-futuro-perfeito quando somos crianças: casar, ter filhos, cuidar do lar. até aquele momento eu também achava que o auge da minha felicidade seria quando alcançasse isso, afinal, para quem cresceu assistindo filmes da disney, era mais que natural achar que a vida era esperar aparecer um principe encantado para casar e ser feliz-para-sempre. 
   sex and the city desconstruiu a idéia dessa vida simples e vazia que eu achava ser a certa. junto com a carrie, samantha, charlotte e miranda, eu crescia e passava a enxergar o mundo por um prisma diferente. minhas cenas favoritas eram as que elas andavam juntas pela calçada: eu queria aquela determinação que emanavam. a cada linha que carrie escrevia em sua coluna, fazia surgir na minha mente uma dúvida, daquelas do tipo que a resposta pode mudar completamente a cabeça, a ideologia, a vida de uma adolescente que ainda estava em formação. 
   para muita gente é bobagem, eu sei. muitos só verão as solteironas, a consumista, a vadia, a cética e a hipócrita. nem todos saberão que a minha paixão por escrever (tá, e por sapatos!) pode ter surgido por causa da carrie, que minha urgência em aproveitar a vida pode ser inspirada na samantha, que o meu calculismo tenha vindo da miranda e que a minha esperança de que o amor ainda vale a pena (apesar dos pesares) tenha crescido com a charlotte. mas eu sei :)

2 talked:

marina said on 4 June 2010 at 19:55:

tá, admito que nunca parei realmente para assistir sex and the city, mas acredito que te passou uma lição ótima.
só espero que essa lição não seja só pra ti, mas pra todas as fãs ;)

ps: e fazia tanto tempo que não passava aqui que deu até vergonha hahaha


Thabs said on 30 June 2010 at 11:30:

Adorei o texto, também sou uma viciada em sex and the city e acho legal uma pessoa mostrar o outro lado do seriado que poucas pessoas enchergam.

Espero que as ou os novos fãs enchergem isso também!

Beso!


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