31.5.10

cara estranho

olha só que cara estranho que chegou, parece não achar lugar no corpo em que deus lhe encarnou. tropeça a cada quarteirão, não mede a força que já tem, exibe à frente o coração que não divide com ninguém. tem tudo sempre às suas mãos mas leva a cruz um pouco além, talhando feito um artesão a imagem de um rapaz de bem.

olha ali quem tá pedindo aprovação, não sabe nem pra onde ir se alguém não aponta a direção. periga nunca se encontrar... será que ele vai perceber que foge sempre do lugar, deixando o ódio se esconder? talvez se nunca mais tentar viver o cara da tv, que vence a briga sem suar e ganha aplausos sem querer.

faz parte desse jogo dizer ao mundo todo que só conhece o seu quinhão ruim. é simples desse jeito, quando se encolhe o peito e finge não haver competição. é a solução de quem não quer perder aquilo que já tem e fecha a mão pro que há de vir.

doces devaneios

por mais que eu não consiga evitar, não gosto de sonhar com o futuro. já gastei muitos minutos tentando achar a lógica por trás disso, mas não encontrei nenhuma resposta convincente. se eu fosse uma pessoa normal, do tipo que receia se entregar de corpo e alma, que tem medo de querer demais e se frustrar, poderia dizer que é apenas mais um traço da minha personalidade precavida. certamente quem me conhece deve estar esboçando um sorrisinho irônico ao ler isso, porque a precaução e eu não fomos apresentadas.
não sei se é motivo ou consequência, mas meus momentos de devaneio são gastos no que eu enxergo como um universo paralelo, que acontece no presente. lá, a julia de hoje mora numa casinha de telhado inclinado, com uma grande lareira, muitas velas, grandes poltronas macias onde ela passa suas tardes observando a neve cair com uma caneca de chá fumegante nas mãos, datilografando suas histórias numa linda - e antiqüíssima - máquina de escrever e esperando seu menino chegar do trabalho cansado, porém feliz por estar de volta à sua casa, com ela.
é uma vida das mais simples que consigo imaginar, mas imediatamente uma das mais impossíveis de se viver. o encanto está justamente nessa despretensão, e me faria tão tão feliz.

23.5.10

untitled #2

eu não queria deixar isso aqui as moscas. por mais insano que pareça, eu tenho carinho, sabe? é algo que precisa de dedicação, de cuidado... mas eu não estou podendo com isso agora. não vou mentir que é por causa da faculdade, porque não me falta dez minutos para escrever um post. me falta é vontade.
o fato é que eu sempre tive essa mania de querer explicar tudo. não para os outros, mas para mim. anotava minhas observações, lia e relia achando que aquilo poderia me esclarecer algo. no fim acabei descobrindo que tudo o que isso me resultava era dor de cabeça. superestimava muita coisa, criava tempestades por tudo. desgastava não só a mim, mas a todos ao meu redor. e... para quê, mesmo?
para esquematizar situações e tentar dar o próximo passo certo. é, era esse o objetivo - que eu nunca alcancei, uma vez que esses esquemas nunca me impediram de meter os pés pelas mãos. tudo - ou quase - que escrevo aqui é a respeito disso. essas observações, constatações,  esquemas. pode não aparentar ser para quem lê, mas para mim é exatamente isso.
dei um tempo. parei de me importar com cada detalhe, querer extrair mensagem subliminar de cada frase que me falavam. não vou dizer que isso acabou com meus problemas, mas deu uma trégua em certos assuntos. foi bom, muito bom. era o tempo que eu estava (e ainda estou) precisando para resolver outros assuntos inacabados.
não vou dizer que o blog acabou. eu só não sei ainda como vou levar ele de agora em diante. e, até eu me decidir, é bem capaz que ele fique assim, empoeiradinho e tudo mais. tava precisando escrever isso, me dava desgosto entrar nele e ver esse jeito de abandonado. mas, agora com o recado dado, suspendo as atividades. barbariccustoms está, agora oficialmente, em hiatus - se é que ainda se usa esse termo.

17.5.10

de partir o coração


desculpa, amigão, nunca mais vou te largar ._.

9.5.10

tempo? é de comer?

okay, tenho que admitir, não estava psicologicamente preparada para a vida de uma universitária, por um simples motivo: eu não sei estudar. sério. passei meus 13 anos escolares (sem contar a segunda série, que eu pulei) sem saber o que era estudar de verdade. lição de casa? nada. trabalhos? em cima da hora. provas? a maioria eu descobria no dia. minhas apostilas do cursinho foram para o lixo branquinhas (e, agora pensando melhor, eu deveria ter doado ¬¬).
não vou iludir ninguém e deixar pessoas pensando que eu sou um gênio, porque estou longe – muito, muito longe – de ser um. o fato é que, antes, assistir as aulas era o suficiente. por alguma magia maligna, na hora que eu me deparava com certa pergunta sobre uma aula que eu já assisti, meu cérebro meio que fazia uma busca interna (google cerebral?) até achar a resposta. devo lembrar que isso só acontecia em momentos de tensão. seria essa uma estratégia de guerra, little brain?
e digo acontecia, no passado, porque isso não me serve mais. nem isso, nem meu método de estudo antigo. são tantos livros, textos, anotações, pesquisas, que não a tal busca interna perdeu sua utilidade, já que a maior parte do que eu devo responder nas minhas provinhas não está mais internamente. as aulas são boas, sim, mas complexas. sem contar que se você não pesquisar mil referências de autores e livros antes da aula, provavelmente vai ficar sem entender metade do que o professor está dizendo. e os trabalhos, então? nada de wikipédia, baby. é ali, na raça, buscando informação (e inspiração!) em dezenas de livros de autores que nem sabia que existiam.  sem contar que todos os professores acham que sua maior prioridade na vida deve ser a matéria que eles ensinam (é, cada um a sua).
resumo da ópera: não tá sendo fácil.

(mas quando você faz uma observação única e o professor que não gosta de você chega a dar um sorriso e balançar a cabeça positivamente, olha, é magia pura!)

6.5.10

e, de fato, pouco me importa

...sabia que tinha alguma coisa fora do lugar em mim. eu era uma soma de todos os erros: bebia, era preguiçoso, não tinha um deus, idéias, ideais, nem me preocupava com política. eu estava ancorado no nada, uma espécie de não-ser. e aceitava isso. eu estava longe de ser uma pessoa interessante. não queria ser uma pessoa interessante, dava muito trabalho. eu queria mesmo um espaço sossegado e obscuro pra viver a minha solidão. por outro lado, de porre, eu abria o berreiro, pirava, queria tudo e não conseguia nada. um tipo de comportamento não se casava com o outro. pouco me importava.
[bukowski]

é com eles que eu vou pra qualquer lugar

e por eles eu vou mais além ♪

fui assistir o despertar da primavera, que já estava de olho desde quando começaram a apresentar lá no rio de janeiro. duvidei que viriam para cá, mas, para minha sorte, vieram sim! domingo foi a última apresentação deles aqui em são paulo, e lá estava juju, junto com o tiago e a veruska, sentadinha na platéia do teatro sérgio cardoso.
dizer que é musical já explica boa parte do meu entusiasmo.  eu já conhecia a versão americana, que é com a lea michelle (sim, a rachel do glee), então tinha uma idéia da história e das músicas. o problema de conhecer o original antes é que sempre rola aquele feeling de que a versão vai ser pior, as músicas não serão tão legais, os atores não vão conseguir cantar direito… e, olha, me surpreendi.

a história, resumidamente, acontece na alemanha de 1890 e gira em torno de wendla e melchior, mas tem histórias paralelas. wendla é uma menina completamente inocente, que se apaixona por melchior, o melhor aluno da escola, inteligentíssimo e ateu. com uma mãe que não tem liberdade pra conversar com ela sobre as transformações (e hormônios!) que aparecem na adolescência, ela acaba tendo que descobrir sozinha. ou melhor, com o melchior, hehe. [spoiler] o problema é que ela engravida e nem se dá conta disso, já que sua mãe nunca teve coragem de contar como é que as mulheres engravidam. quando a mãe descobre a leva para fazer um aborto, e wendla morre no processo. melchior é mandado para um reformatório depois de ser expulso da escola por causa de um texto que escreveu para moritz sobre sexo, e só descobre que a amada está morta quando tenta marcar um encontro escondido com ela no cemitério e se depara com seu túmulo [/spoiler]

mas, preciso admitir, eles não eram meus favoritos. isso porque cada vez que a ilse e o moritz estavam em cena, ninguém mais lembrava dos dois principais. eles não era os perfeitinhos e modelos, exatamente o contrário! moritz, apesar de ser melhor amigo de melchior, é o pior aluno da escola, e milhões de vezes mais carismático. já a ilse é o oposto do que as meninas daquela época deveriam ser: livre, espontânea, e um tanto quanto libertina.  os dois cantam as músicas mais legais e, apesar de não formarem exatamente um casal, estão juntos num momento crucial da história [spoiler] moritz repete de ano, e seu pai diz todo tipo de barbaridade inferiorizando o rapaz. ele tenta fugir para a américa, mas não consegue o dinheiro. com medo de realmente ser tudo o que o pai disse que era, ou seja, um ninguém, ele se mata com um tiro na boca. a ilse, pra quem ficou curioso, era abusada pelo pai e ele a expulsa de casa quando ela tenta por um ponto final nisso. vai morar numa comunidade de artistas, e daí vem toda a liberdade e libertinagem. mas, claro, sente falta da infância, dos amigos, da pureza que lhe foi tirada à força [/spoiler]

claro, tem mais história, mas o principal é isso aí. eu adorei, chorei no final e aplaudi de pé. pra quem não leu os spoilers, é bom ter em mente que a história é um d-r-a-m-a. não espere um “e viveram felizes para sempre”, porque não há. ao contrário do que eu ouvi por aí, o despertar da primavera não é o high school musical do século XIX.
infelizmente, a temporada se encerrou. então, quem não viu vai ficar só na vontade mesmo. o jeito é ouvir as músicas no próprio site oficial (tem como fazer download!), ou ler o livro :)

4.5.10

tragédia infanto-literária

– mãe… você acha que eu cresci, nesses últimos tempos?
– hmm, é. pode-se dizer que sim.
– mas eu não quero!
– quem não quer envelhecer toma veneno, filha.
– …

agora, imaginem só se ela fosse mãe do peter pan!
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